Repertório coral brasileiro é o destaque de “Noite de Junho”

Na próxima 6ª feira, dia 17 de junho, três coros se reúnem às 20h30 no Auditório do Departamento de Música da USP. A “noite de junho” apresenta um repertório de canções corais, algumas pensadas originalmente como obras corais, e outras transpostas da canção popular por arranjadores-regentes.

O Studio Coral apresenta obras para coro feminino de Lorenzo Fernández, compositor que foi editor da Coleção Escolar e trabalhou junto com Villa-Lobos. As canções foram compostas nos ano 30, dentro de uma concepção de música a capella (sem acompanhamento instrumental), com textos poéticos que se referem ao tempo: manhãs e noites, inverno e verão. O destaque é a canção Noite de Junho, que dá nome ao programa, uma canção nostálgica e sensível que apresenta “vozes brandas ecoando longe” e comenta as memórias juninas da infância, com solo da aluna do curso de canto Gisele Reis.

O Coral Escola Comunicantus tem sido um espaço de aprendizado e de apresentação de novos regentes e arranjadores, o que poderá ser visto neste programa. Formado por coralistas leigos e por uma equipe de alunos de música que se alternam na regência, o coro trabalha a partir de ensaios de naipe, em que os jovens músicos ensinam e interagem com os coralistas. O repertório apresenta várias canções de amor. “Lá no Rancho” é um arranjo da aluna Sarah Alencar, a partir de uma canção composta por seu pai, que será apresenta ao público pela primeira vez. “Matona mia cara” é uma das canções mais conhecidas de Orlando de Lasso, em que um soldado alemão faz uma serenata à sua amada. O refrão que imita um instrumento de cordas é intercalado com estrofes que buscam um efeito cômico, já que o texto é recheado de erros gramaticais e de pronúncia, criando duplos sentidos e ironizando o ideal petrarquista da poesia amorosa, vigente na época de Orlando de Lasso. O “coro de românticos” de Amadeo Vives faz parte de uma zarzuela, gênero popular espanhol. Construído em forma de diálogo, o coro masculino faz galanteios ao coro feminino. Depois de algumas recusas, a peça termina com um beijo. O “final feliz” deste coro contrasta com o sentimento de saudade expresso em “Que nem jiló”, que compara o amor perdido ao gosto amargo do jiló. Mas apesar da saudade, a canção conclui que “o remédio é cantar”!

O Coral da 3ª Idade está ampliando seu repertório de canções populares brasileiras, com a estreia de “O morro não tem vez”, que vem somar-se a algumas das canções que marcaram os últimos anos do Coral. Ao mesmo tempo, o coro envereda por um novo gênero, apresentando um dos coros da ópera “As Bodas de Fígaro”, de W. A. Mozart.

Todos os alunos que se apresentam são orientados em uma disciplina prática de canto coral, pelos professores Marco Antonio da Silva Ramos e Susana Cecília Igayara. Regência, repertório, arranjo, dinâmica de ensaio e preparação vocal são alguns dos aspectos desenvolvidos nesta disciplina. Os mestrandos Fred Teixeira e Caiti Hauck, graduados pelo CMU, hoje desenvolvem pesquisas sobre canto coral, dentro da perspectiva do Comunicantus, que busca a integração entre a prática artística, a educação musical e a pesquisa acadêmica.

O Comunicantus: laboratório coral convida a todos para esta “Noite de junho” com canto coral. O Departamento de Música da ECA-USP fica na Cidade Universitária, no final da rua da Reitoria. O auditório tem cerca de 100 lugares e a entrada é franca.

Deixe um comentário